Segue uma carta que está na internet. Um pouco atrasada para postar  aqui, mas  importante para conscientizar e divulgar à todos um pouco do  despótico e desprezível antro que é a Ordem dos Músicos.
Carta  aberta ao presidente da Ordem dos Músicos do Brasil
Álvaro Santi 18  novembro 2009
Senhor Presidente: No mês em que se comemora,  dia 22, mais um “Dia do Músico”, acuso o recebimento do habitual boleto  bancário, que me envia V. Sa. sem falta desde 1985,  quando recebi com  orgulho minha carteira de músico, emitida no exato dia em que completei a  maioridade. Acompanha o boleto a habitual missiva, a me lembrar que “a  Ordem é dos Músicos”; e o adesivo com a frase “Músico, valor em si”. Uma  vez mais, pergunto-me que valor seria este que só o músico tem “em si”.  E constato que todo o conteúdo deste envelope me causa a mais profunda  frustração.
Sinto pois a necessidade de confessar-lhe, Sr.  Presidente, que este ano gostaria de receber outra coisa. Algo  surpreendente, como notícias do processo eleitoral. Melhor ainda, a  notícia de que o famigerado Código Eleitoral foi alterado, estendendo o  voto a todos os músicos, já que há mais de 20 anos só votam os que lêem  música, ainda que tal discriminação não tenha amparo legal e, é claro,  todos recebam o boleto idêntico.
Mande-nos notícias também sobre  os esforços que a OMB, autarquia federal integrada ao Poder Executivo,  tem feito em nosso benefício, promovendo o debate e o encaminhamento de  questões sérias como a informalidade, a pirataria ou a educação musical  (matéria de lei federal recentemente aprovada); entre outras. Quisera  conhecer as propostas, elaboradas por V. Sa. e seus pares, mui dignos  membros dos nossos Conselhos Federal e Estaduais, para a urgente  atualização da Lei 3.857/60, que no ano que vem completará 50 anos sem  uma única alteração! Quisera mesmo saber quantos músicos lograram se  aposentar no Brasil como músicos, neste período. E quem sabe ainda, que  luxo, receber de V. Sa. uma prestação de contas sobre os valores  arrecadados neste meio século, especialmente através do célebre Artigo  53 da mesma lei, aquele que destina à OMB 10% do valor do cachê dos  músicos estrangeiros, assunto que a imprensa já abordou, apontando o  subfaturamento do contrato dos Rolling Stones. Ou ainda, saber de V. Sa.  que medidas foram tomadas para que o caso, amplamente noticiado, do  jornalista de Carta Capital que recebeu a carteira da OMB sem saber  tocar, não se repita. Ou quem sabe, Sr. Presidente, conhecer da  argumentação que o insigne departamento jurídico da OMB terá preparado a  fim de combater a tese, que nos tribunais vai ganhando força, da  “ausência de risco para a sociedade” no exercício da profissão de  músico. Tese esta usada, ao abrigo da garantia constitucional da  liberdade de expressão artística, com o intuito de desobrigar os músicos  de seleção, registro ou pagamento de anuidade à OMB.
Ficaríamos  felizes em saber, Sr. presidente, eu e outros que discordam ou têm  restrições a essa tese, que a OMB vem recorrendo das sentenças.  Argumentando, por exemplo, que quando um jovem toca por diversão em um  bar, existe o risco, ou mesmo a certeza, de que mais um artista que há  muitos anos escolheu viver da música profissionalmente, terá de  encontrar outro meio de sustentar sua família. Como V. Sa. já deve ter  percebido, sou um otimista incorrigível e seguirei aguardando essas boas  novas. Se não no dia do músico, quem sabe no Natal. Nem precisa enviar  pelo correio: ponha tudo no site. Mas se for para me enviar de novo essa  tralha, Sr. Presidente, por favor, não gaste mais selo comigo.  Economize, que é tempo de crise.
Cordiais saudações.
Álvaro  Santi
Titular do Conselho Nacional de Política Cultural
quinta-feira, 29 de abril de 2010
(des) Ordem dos Músicos
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Um comentário:
Bela carta! Valeu pela publicação! E torcemos todos pelo fim da OMB.
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